terça-feira, 18 de outubro de 2011

Da (in)justiça do amor

Descubro a cada dia que passa que o mais difícil quando se ama é permanecer justo. Sim, justo. Sempre que tentei me definir, enquanto pessoa nesses 30 anos de vida, eu me via em uma simples palavra: justo. Nem bom, nem mal. Apenas com um senso apurado de justiça, de igualdade, de equivalência de ações.

Mas é difícil ser justo quando se ama; o amor não permite esse tipo de idiotice. Não adianta achar que uma ação cobrada vai lhe ser oferecida; não vai. Não adianta achar que o silêncio é um direito adquirido quando o outro lado da história tem esse direito, porque não existem direitos adquiridos no amor. Existem situações e situações, e para cada lado de uma história, sempre é o outro lado o que faz mais exigências. Se você deu direito a um grito ou grosseria, não espere ter compreensão em retorno quando chegar o seu momento de descontrole.

Não pense que porque cortou contato com todas aquelas pessoas que você viu que poderiam atrapalhar sua história, você vai receber o mesmo em troca. Não tente argumentar quando for criticado por ter feito exatamente a mesma coisa que lhe foi feito a mês atrás. Não resolve. As pessoas que passaram na sua vida são sempre muito mais perigosas e prejudiciais que as que passaram na vida do outro; ou pelo menos é o que tentarão te fazer crer.

O amor não é igual, é na diferença que ele se constrói.

Eu te amo apesar de, muito mais que eu te amo porquê...

Mas se estou desaprendendo a ser justo, e isso tem o lado bom e o ruim porque me torna uma pessoa pior em alguns aspectos e melhor em outros, estou reaprendendo a me amar mais. Porque é preciso muita certeza de si para amar cada vez mais e cobrar cada vez menos. É necessário o apego necessário para o medo da perda, mas a razão mínima que garanta que haverá, apesar de sofrimento, tranquilidade e equilíbrio se chegar o momento de ser deixado pra trás.

E é claro que sempre se pode ser deixado pra trás, não importa o quanto amor se tenha e se sinta ser retribuído. Simplesmente porque, como já dito e repetido, o amor não é justo.

E depois de constatar isso, uma certeza fica: não há outra forma de amar sem ser com entrega e fé. Porque por mais que se perca em direitos, se ganha em felicidade... É a constatação de que o amor retribuído e sentido é o que traz aquele frio na barriga, aquele sorriso sem motivo, aquela sensação de conforto e felicidade: isso é o que faz o amor, não justo, ainda válido e correto.

terça-feira, 8 de março de 2011

08 de Março de 2011 - Dia Internacional da Mulher

Existem muitas histórias pra contar a origem dessa data, dia 08 de Março, dia Internacional da Mulher. Sinceramente, não me importa a origem. Também não vou discutir o merecimento nem cair em qualquer lugar comum sobre homens, mulheres e todo dia ser dia. 

Não me importa. Apenas acho uma data legal, e se as mulheres gostam, então eu acho sensacional!

Porque sendo sincero, toda mulher que eu adoro ou admiro, ou até amo, merece sim pelo menos um dia exclusivo a ela... E eu comemoro feliz e parabenizo pelo dia das mães, dia da avó, dia do amigo... Então, a quem vou parabenizar pelo dia das mulheres. A todas elas sem dúvida!

Mas hoje, mais que a qualquer uma, eu fico feliz em dizer: parabéns pelo dia internacional da mulher, meu bem! Sim, você mesmo, Nayara. 

Eu acho que cada pessoa vive durante sua vida, de tantas formas diferentes, suas lutas particulares. Mas acho sinceramente que mulheres lutam mais; vivemos ainda em um mundo cercado por ilusões machistas e paternalistas. Civilizações antigas tratavam as mulheres muito melhor do que tratamos, a milênios atrás. Tanto que a elas eram dadas as tarefas mais importantes, as que garantiam a continuidade da vida, da família e da vila. Com o tempo, o paternalismo, a religião, o machismo e, ouso dizer, a estupidez masculina transformou em menores e desvalorizadas as tarefas mais importantes, como se para dizer que homens são superiores... Então senhores e senhoras, lhes apresento a realidade atual: mulheres provando e lutando para mostrar que podem fazer qualquer coisa que um homem faz, ou ao menos as coisas que são consideradas realmente importantes pelos homens... Mulheres são, para mim, a base de qualquer sociedade, e em tantos aspectos melhores que os homens, diferentes, frágeis e fortes, poderosas e carentes, lindas... Lindas!

E dentre elas, nenhuma é mais linda que você, Nayara. Você é meu número, e é perfeita pra mim. Obrigado por isso. Com um nome que remonta épocas antigas, quando os gregos eram o centro da sociedade civilizada, um nome forte, que demonstra exatamente sua força e sua vontade de viver, sua beleza. Um nome de quem tem personalidade pra comandar, mas precisa de apoio para não ruir. 

Se é para homenagear alguém nesta data, que seja você. Você que em duas oportunidades distintas me fez acreditar novamente em mim, e me sentir não só querido e admirado, mas desejado. Você que tem seus tantos problemas, suas lutas particulares, seus medos e anseios, e ainda assim arruma tempo e disposição para enfrentar uma hora de estrada na chuva e ir a um local que não queria, pra me fazer sorrir. Para me fazer sentir bem, e porque eu mereço. E por sua causa, e com toda humildade, eu sei que mereço, porque você me deixa claro isso, e por isso eu me esforço mais e mais para merecer sempre.

Merecer você. Canceriana, filha, amiga, companheira, mulher. 

Feliz dia Internacional da Mulher para todas as mulheres do mundo! Mas hoje, por mim, o dia é seu, e só seu. 

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

André.

Não há nenhuma dúvida que os momentos mais importantes da vida são definidos nos detalhes. Os momentos preciosos, os momentos tristes, os felizes, os inigualáveis, os realmente inesquecíveis. Aquele pequeno detalhe faz toda a diferença, e mesmo que deixemos muitas vezes deixar passar desapercebidos, foi o danado do detalhe que marcou, ou mudou, tudo.

Meus pais sempre me cobraram, com ironia, ser um bom jogador de futebol, pelo menos um bom pras peladas do dia a dia. Eu odiava. Odiava entrar em campo, odiava jogar, queria era ficar sozinho, não me entendia com aqueles meninos do meu prédio, com quem cresci junto, mas de hábitos tão diferentes dos meus. Eles viviam lá embaixo no parquinho, na piscina. na quadra, e eu em casa, estudando, paparicado pela minha mãe. Eu queria meus livros, minha tv, meu quarto, meus herois japoneses. E eles queriam que eu fosse comportado, mas que soubesse jogar bola como aqueles moleques pes descalços que faziam isso todo dia...

Odiava esportes.

Até que conheci o basquete. Descobri que meu pai jogava quando era mais novo, e fui tentar também. Se meu pai, que não jogava bola, jogava basquete, eu também deveria ter algum jeito. No inicio eu jogava porque meu pai gostava. Depois fui pegando gosto pela coisa, mas não sabia jogar muito bem, só me aproveitava da minha altura; cresci muito rapido e muito novo, aproveitei isso. Mas com poucos anos, minha altura já nao era diferencial, parei de crescer e os outros meninos me alcançaram, ou chegaram perto, e eu não jogava tão bem assim. Pensei em desistir.

E então, eu conheci o André. Negão, para os amigos. Sorriso fácil, pele quase azul, andar malandro, parecia vindo de uma comunidade mais pobre qualquer, mas era rapaz de família bem de vida, só era humilde como poucos, e adorava o basquete. Não só o esporte, a vida, o estilo de vida de quem realmente joga basquete.

Ficamos amigos. Eu ria, ele ria, e ele era um jogador formidável! Sério, conheci poucos como o André. Mas ele tinha um defeito, e nesse defeito eu me encaixei no time em que ele jogava, para poder auxiliá-lo: Andre era muito fominha, mas não por ser, porque era perfeccionista e não confiava em ninguém. Mas em mim sim.

Entrei no time porque o André passava a bola pra mim. Mas não era o suficiente pra ele. Ele me ensinou a jogar. Como arremessar melhor, como me dedicar, como correr, como driblar, como marcar.

Aos poucos, mais que amigos, viramos rivais, cordiais rivais disputando bolas e posições. E a mesma garota.

Claro, sempre tem uma garota.

André venceu na quadra. Eu venci... no resto. E não estou me gabando, muito pelo contrário. No basquete eu encontrei refugio, paz, plenitude. No esporte, nesse esporte que aprendi a jogar bem graças ao Negão, me encontrei. Perdi minha timidez, fiz muitos amigos, virei popular (o que é otimo quando se é adolescente), namorei muito, viajei, ri, me diverti, cresci.

André me mostrou o caminho que eu segui.

E em troca, por rivalidade, brincadeira, ele me venceu no jogo, e eu o venci no amor. Não me orgulho disso. Ele realmente amava aquela menina, e eu gostava dela, mas apenas como uma boa cia. Magoei meu amigo, mas ele jamais deixou de se-lo. Pelo contrário, se tornou ainda mais parceiro, mais amigo, mais irmão.

Meu irmão negão, André.

Acabou o segundo grau, cada um pro seu lado, perdi um pouco o contato, apenas jogavamos basquete, claro, uma vez por mes. Uma noite André não foi. Senti um aperto no coração. Senti saudades, sim, saudades, porque também se sente saudades de amigos, e não só de amores, isso se não fosse amor de amigo o que tinhamos, uma irmandade que jamais voltei a sentir. Nem com minha irmã de sangue, e eu a amo.

No dia seguinte, não conseguia me concentrar nas aulas, estava com calafrios, aperto no peito, algo estava errado. Então o telefonema: André estava morto. Assassinado. Assalto. No portão de casa. Aparentemente ele não reagiu, apenas correu após entregar carteira e celular, conforme testemunhas. Três tiros nas costas.

Meu irmão não se drogava, não brigava, não fazia mal a ninguém. Seu sonho era ser jogador da liga norte-americana de basquete (NBA), e sinceramente, ele era bom o suficiente. Três tiros covardes. Dezenove anos.

E eu nunca mais joguei basquete. Não fazia mais sentido, sem o André. Oito anos se passaram, e eu não entrei novamente em quadra, apenas dei uns arremessos solitários, nos momentos de saudade, como homenagem ao meu amigo.

Até hoje.

Estacionei meu carro aqui no prédio, a alguns meses transformaram o campinho numa quadra poliesportiva. Mas nunca tinha visto realmente gente jogando basquete, hoje havia. Parei pra assistir, um grupo de coroas, e um garotinho. Ainda desajeitado, tenando jogar no meio dos gigantes, perdendo bola o tempo todo, mas guerreiro, não desistia. Insistente, chato, como o André. Sorri. Saudades do meu irmão.

Então o garoto cansou, me viu assistindo e pediu pra entrar no lugar dele, me chamando de tio. Disse que não, não sabia jogar. Ele insistiu, e então alguem la na quadra gritou pra ele voltar:

"Vai parar, André?"

André.

Hoje eu joguei basquete novamente. Com o André.

Saudades, meu irmão! Te amo.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Ela gosta de você.

Dia 28 de Julho. Muito tempo. Depende do parâmetro, pode parecer pouco, pode parecer muito, depende de como se olha isso. Mas me parece muito tempo... Havia outra pessoa em sua vida, outra pessoa na minha, e ouve um reencontro e não houve nada. Apenas saudade, cordialidade, e muito sentimento abafado.

Parece-me muito tempo porque tantas coisas aconteceram que o espaço de sete meses não suporta. Mas foi isso mesmo. E parece pouco tempo porque sete meses passaram, mas parece que foi ontem que eu disse que não havia mais nada. E por pouco não havia mesmo...

Muita coisa aconteceu. Mas principalmente, alguém te machucou. E de repente eu me vi, como é marca da minha vida, envolvido em mais um enredo de Renato Russo: uma época em que estava distraído, impaciente e indeciso, ainda bem confuso mas então era diferente, estava bem tranquilo, e muito contente; e então me disseram que você estava chorando... Foi então que eu percebi...

Meu coração ainda não batia acelerado, o mundo não parava mais, e na maior parte do tempo, suas atitudes me irritavam. Mas uma coisa era obvia e certa: eu não gostava de te ver sofrer. Não se trata de ser amigo, companheiro, boa pessoa, nada disso, por mais que também tenha todo esse envolvimento.

Eu simplesmente não suportava, não suporto, a idéia de você sofrendo.

O plano era simples, seguir minha vida e enquanto isso, te dar apoio quando fosse preciso. E te fazer sorrir. Porque mesmo que eu um dia te odeie mais que tudo, o que é impossível, ainda assim tenho certeza que um sorriso seu vai ser o suficiente pra me fazer esquecer tudo, e sorrir. Sorrir.

Só você me faz sorrir esse sorriso completo, enorme, pleno.

Foram mais alguns meses de problemas, pra voce, pra mim, e de novo eu senti que estávamos nos afastando. Não me importei realmente, me pareceu natural, e realmente, o brilho que havia no meu olhar quando te via, eu sei que diminuia cada dia.

E de novo estivemos por um fio, de novo eu disse palavras que não devia, de novo ouvi, vi, senti, o que não gostaria.

Hora de dar um basta.

Mas não sou tão criança a ponto de saber tudo. Então em algum ponto eu parei de me preocupar e tentar entender o porque, porque nao me sentia valorizado. Parei. Desisti. Finito.

Os piores dias do meu ano. E a ultima pessoa que eu queria perto, era você. Mas você, de alguma forma, não desistiu de mim. E sim, eu sei que eu mereci que você desistisse.

Me esvaziei de sentimentos, joguei fora tudo o que me incomodava. Só quero saber do que pode dar certo, sem tempo a perder.

Joguei fora o que sentia por você. Ou achei isso.

Porque de novo você sofreu. De novo eu te vi sozinha. De novo meu coração gritou pelo seu sorriso.

Acredite, eu realmente não consigo te ver sofrer.

Não havia mais sentimento, eu achava. Apenas... Uma pessoa precisando da minha ajuda, alguém que eu gostava, e que eu queria crer que gostava de mim.

Ainda bem que eu me esvaziei de sentimentos. Porque você encheu tudo de novo.

Um novo início pra uma velha história. Dessa vez no entanto eu estava preparado.

Não, não estava.

Dessa vez foi tudo diferente.

E de repente eu me vi assim, novamente, tão completamente seu... Me armei, me preparei, me fechei. Não aconteceria de novo. Nada, NADA me faria cair de novo aos seus pés.

Até que voce disse... "estou apaixonada"...

Sete meses. E sou, novamente, um homem inundado de sentimentos. E todos eles terminam em você.

Obrigado.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Ela não gosta tanto assim de você

Ontem eu te vi. Depois de tanto tempo, nos encontramos! Casualmente, eu com muita pressa, você acompanhada,eu ouvi alguém gritando meu nome e quando virei, você! Linda. Não como sempre, ainda mais linda, e eu não pensava que isso fosse possível. Nos cumprimentamos, parecia um daqueles momentos sem graça, mas não foi, foi um tanto frio, impessoal, mas ao mesmo tempo foi ótimo te ver novamente.

Não senti nada além disso.

Não sei pra onde foram todos aqueles sentimentos sensacionais e a urgência que havia em estar ao seu lado. Se foram. Não consegui te ver com os olhos que via antes, quando parecia que havia um brilho em você te destacando do resto do mundo, como se você fosse o vermelho quebrando a monotonia de um mundo em preto e branco. Você era a cor e o sabor do meu mundo chato e sem gosto.

Meu coração não acelerou. Minha saliva não fugiu da boca. Não houve nenhum calor me queimando por dentro e exigindo que você apagasse. Nada.

Por uns segundos, enquanto eu caminhava os poucos passos que precisava para te dar um abraço e um beijo no rosto, uma renca de lembranças e situações passaram pela minha cabeça. Acho que toda nossa história, ou melhor, todas as situações que vivemos (o que não chega a formar uma história) passaram pela minha cabeça. Passaram todos os momentos lindos, tudo o que me era especial e valioso e incomparável. E passaram as últimas descobertas, as decepções, as discussões. Passou o primeiro beijo, os abraços, o olhar que brilhava quando me olhava. E passaram as letras azuis na tela do computador, informando que havia alguém que voce desejava mais, alguém em quem voce pensava mais, alguém com quem voce queria viver, alguém mais amigo, alguém mais bonito, alguém, "alguéns" mais especiais.

E todo o sentimento que havia foi exorcizado. No momento em que tudo isso passou na minha cabeça, veio a confirmação de algo que eu já sabia: não havia nada de verdadeiramente especial. Eu sou especial. Você é especial. Juntos, não somos. A incerteza da realidade do que vivemos, da intensidade, quebrou o que havia.

E eu não senti nada.

Depois, então sim, uma imensa tristeza. De não me sentir mais como antes, de não sentir o que sentia antes. Como acordar de um sonho lindo, entende?

O abraço não foi a mesma coisa. A forma como te olhei, como você me olhou, nem se aproxima ao que eu via antes. Não sou mais um homem inundado de sentimentos.

Sou comum. Mais um.

E nos despedimos, meio sem olhar um pro outro, um tchau seco e sem graça, que não faz por merecer a intensidade de nosso encontros usuais.

Não sei mais se te beijaria do mesmo jeito, se te abraçaria do mesmo jeito. Não foi o sentimento que era pouco, ou falso, ou uma ilusão. Apenas... acabou. Nenhum fogo queima sem ser alimentado.

Mas você está linda! Linda. E foi muito bom te ver, e é gostoso sentir saudade, mesmo que muito menos que antes.

A vida segue.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Mari

A poucos dias foi o "Dia do amigo", e por mais breve que tenha sido o momento, eu parei para refletir um pouco sobre amizade a afins. Pensei que deveria escrever um texto sobre isso, mas nada que me vinha na cabeça parecia mais que pura pieguice ou uma tentativa inútil de não transparecer pessimismo quando na verdade tenho me sentido entediado e desanimado com as pessoas. Desisti.

Mas hoje, conversando a toa com uma amiga, em tom de brincadeira, achei meu texto; achei meu tema, minha palavra tola, meu pensamento exagerado na tentativa de ser profundo: "todos deveriam ter uma Mari na vida!"

A Mari, explico, é dez anos mais nova que eu. Estamos assim em fases completamente diferentes de nossas vidas, ela começando sua faculdade, começando a caminhar no tal mundo dos adultos, eu me preocupando com cálculos pra comprar apartamento, funcionários que não trabalham direito, promoção, aumento de salário, planos para ter ou não filhos... Ela, sempre fofa, naquele meio termo que tem os "jovens" de hoje, metade "moderna demais pra minha época", metade ingenuidade de quem cresceu rapido em alguns aspectos, mas não amadureceu no mesmo ritmo acelerado.

Não que ela não seja madura. Ela tem a maturidade exata que deveria ter, mais em alguns aspectos, menos em outros, nada fora do comum, mas também nada comum demais! A Mari... é ela mesma e pronto. Explosiva, tímida, parceira, divertida, rabugenta, uma pessoa, de carne e osso, alguém que eu conheci e gostei. Qualidades, defeitos... Alguém especial no meio das tantas meninas que parecem cada vez mais iguais na mesma faxa etária, mas também não muito longe do tipo comum que eu conheço nessa idade.

Mas pra mim, para mim, ela é sensacional!

A Mari me lembra uma época em que eu sonhava. Em que acreditava em utopias, que não tinha muitos planos e preocupações, que sabia me divertir e o mais importante do mundo era sem sombra de dúvidas minha família e meus amigos; não que hoje haja algo mais importante que isso, mas sei que muitas vezes parece que o trabalho é mais importante que tudo. Me lembra um mundo que não tinha tantos espectros de cinza, tantas nuances, tantos atalhos e desvios. A Mari me lembra, de forma contudente e romãntica, o que é certo, o que é errado, e que o mundo pode ser muito mais simples e sincero quando você não costuma tentar achar explicação e razão em tudo. Ela me lembra que eu já fui, e deveria ainda ser, alguém com expectativas, sonhos!

Ela me lembra de viver.

domingo, 13 de junho de 2010

Dia dos namorados.

Dizem que tem tudo a ver com ser geminiano; alguns amigos e amigas mais específicos me falam sobre meus orixás de cabeça (sim eu tenho dois, história longa), sobre eu ser um espírito antigo e ter uma missão em vida que não combina com meu comportamento terreno, e tantas outras teorias. Mas a verdade é que eu sou dual, em quase tudo; distraído, desconfiado, sempre muito tímido mas extremamente sociável. “Sou uma contradição e foge da minha mão fazer com o que eu digo tenha algum sentido".

E por isso mesmo já me magoei varias vezes. E magoei cem vezes mais. Sofro de amores platônicos, intensos, infinitos, impossíveis de serem realizados; e quando realizados, se esvaem, no ar, no tempo, sem rastro além do carinho que ainda resta por quem eu conquistei. Tenho a impressão que conto nos dedos as vezes que me apaixonei de verdade, apesar de me lembrar apaixonado dezenas de vezes, em algum momento, de alguma forma. E por isso adquiri o hábito de me preservar, já a alguns bons anos. Aprendi a evitar, e quando necessário, a simular o amor. Comecei a crer no gostar com a razão, até porque sempre que alguém me desperta algo a mais, eu racionalizo até encontrar vários motivos pelos quais não devo me envolver, e não me envolvo; mas envolvo o outro. Não é maldade, juro. Gosto do jogo, da sedução, da conquista, das conversas amorosas e carinhosas, dos papos quentes na madrugada e do desejo que sobe e parece ter urgência mortal de ser saciado! E assim vou conquistando, impressionando, sendo eu, natural, mas eu próprio me protegendo e não me deixando envolver tanto quanto envolvo.

Estou longe de ser um estereótipo de qualquer tipo que uma mulher imagine ser o homem ideal (e não sou o homem ideal). Não me procure e nem me julgue por Orkut, MSN, twitter, e perifs de internet, sou menos e mais que me mostro ali, aqui, e só me mostro a quem me conquista de alguma forma. E sei que é esta minha maior arma: sou real, sou palpável, e sou muito do que se gostaria que fosse o homem ideal; ou pelo menos me mostro assim.

Entre o que eu sou,  e o que eu mostro, nesse momento, me perdi no que é realidade e no que é jogo de sedução. Não sei se me tornei um personagem, ou se menti tanto que acreditei a ponto de me tornar minha própria mentira.

Sempre digo “não se preocupe, não vou me apaixonar, eu sei me controlar”, e me controlo. Até porque hoje em dias as mulheres, meninas, gostam de dizer que não querem se envolver, não querem namorar, e toda essa mentira pra se preservar. Mas me permito parecer apaixonado, encantado, e me dou nas doses certas para não me prejudicar, mas para ter o que desejo.

Dessa vez, não tinha mesmo motivos pra me apaixonar. Ela tinha muito do que eu sempre ridicularizei, mas as qualidades me chamaram muito mais a atenção. Ela tinha as manias que me irritavam, mas nela me pareciam um toque a mais de personalidade e me agradavam, sem motivos. Racionalizei, e encontrei todos os motivos para não ir em frente. E não fui.

O sentimento foi.

Voltei atrás, me protegi, sugeri que se ela estivesse se apaixonando, melhor parar, não queria me envolver tanto quanto ela não queria.

Tudo mentira.

Se minha razão dizia isso, o sentimento pedia a presença. Uma presença rara, mas sempre perfeita, marcante, sem igual.

Sim, me apaixonei.

E ela fugiu. E quando eu estava finalmente com a razão ao meu lado, me controlando, se deu o suficiente pra me arrastar de vez pra essa paixão que eu nunca tive, de fato. E eu fui feliz por me sentir assim.

Mas queria não ter sido. Queria não ter acreditado de novo, não ter visto, não ter tido, não ter beijado, sentido, gostado. Queria que a primeira vez que nos vimos não tivesse me olhado nos olhos, me descoberto, me conquistado. Queria que não me fizesse sentir tão natural, confortável, confiante, seguro. Queria que o beijo não fosse sempre como um primeiro beijo, novo, perfeito, de tirar o fôlego.

Fez comigo o trabalho que eu tantas vezes fiz com outras, e, sei que tão sem maldade quanto eu o fiz antes, não me deu reais chances enquanto eu dava todas... E partiu sem que eu percebesse para outra história, para o próximo candidato da fila.

Não foi por não gostar, eu sei disso. Não foi falta de desejo, de querer, de carinho, de admiração. Sei disso. E sei que vai dizer que não sente por mim o que eu sinto por você. Sim, conheço todos esses argumentos. E por isso decidi que hoje é o ultimo dia dessa história; porque eu sei muito bem que ela não acaba assim tão simplesmente porque outra pessoa tomou o lugar que eu gostaria. Sempre haverá um “e se” pra nos assombrar, pra lembrar tudo o que gostaríamos de fazer e não fizemos, todas as possibilidades que poderíamos tentar e não tentamos.

E eu teria lhe dado o mundo se permitido, se tivesse corrido o risco. E sei, prepotente e arrogante, que outro homem não foi tão próximo de um sonho que eu fui, que eu sou. Teria se apaixonado tanto quanto eu, se tivesse feito o que eu fiz: se entregado. Mas fez o certo, o que eu deveria ter feito; racionalizou, e encontrou todos os motivos necessários para não se envolver, e não se envolveu. Então hoje, eu decidi dar um basta nisso. Hora de ir em frente, hora de voltar a ser o geminiano e todas essas explicações místicas e loucas para os meus vícios de comportamento.

Hora de voltar a jogar. Mas não com você. Chega de você!

Tenho medo de que um dia perceba isso, e eu ceda de novo. Tenho medo da hora em que a lembrança de quem eu sou pra você, e só pra você, retorne, e você possa me quebrar de novo.  Porque sei que a força dessa decisão de esquecer esse sentimento todo, de voltar a ser o outro lado da moeda, pode não resistir a perfeição do seu sorriso e o gosto do seu beijo.

Dessa vez, sou eu quem caí, e sou eu que fujo. Só não sei ainda pra onde. Hoje, pelo menos, sei pra onde vou: egoísta, atrás de quem eu magoei, e não de quem derrotou minha razão e meu coração. 

Hora de voltar ao jogo.

sábado, 13 de março de 2010

Sou

Não sei viver a vida sem exageros; é verdade, confesso, admito. Não sei viver sem sonhos, ilusões, decepções, dores, prazeres, explosões, depressões. Simplesmente não sei. Sou um viciado em emoções, um viciado em qualquer que seja a substância que o organismo libera quando eu passo horas e horas pensando na mesma coisa, ou na vida, ou no mundo, sempre com um saudosismo delirante e, na maior parte das vezes, sem sentido.

Não sei ser comum. Simples. Gosto do complexo. Gosto do simples no que ele tem de complexidade dissimulada, entrelinhas, possibilidades. Nada comigo e pra mim é simples, fácil, direto. Talvez eu seja direto demais as vezes; mas creia, no momento em que muitos me acham excessivamente direto e desnecessariamente honesto, eu estou ainda assim escondendo várias camadas de opiniões, sentimentos e pressentimentos.

Quem me conhece sabe que acontecem coisas na minha vida que me acostumaram a ouvir "só acontece com você", ou "tudo acontece com você"... Que as merdas vêm de repente, e as grandes e boas novas sempre chegam devagar quase parando... Tudo em volta de mim é complicado demais, por vezes sem sentido, exagerado, fora dos padrões, abaixo da crítica, acima da média, tanto faz!

Por vezes sou arrogante; em outras aparento uma excessiva baixa auto estima. Não me vejo nem um nem outro: sou o que sou e não me sinto mal em admitir, o que me faz arrogante pra me qualificar, crítico em excesso no que sei não sou bom ou suficiente.

Admiro e louvo a sinceridade; mas opto por mentiras divertidas a verdades chatas. Gosto da verdade escondida no olhar, nos gestos, no subentendido. Essa sim é a verdade, a honesta e real verdade; a palavra dita distorce a realidade, e faz do dito uma verdade incompleta. Não gosto de verdades incompletas; prefiro as mentiras bem contadas, como disse. Ou a verdade nua e crua, escancarada, pelo corpo e pelo olhar.

Gosto em excesso. Os poucos de quem gosto muito, gosto demais, de forma incondicional, e ciente dos defeitos; e pouco me importa, muitas vezes, o retorno a minha dedicação e carinho. Respeito. Isso sim exijo; é o mínimo, respeito, e consideração. Da mesma forma que gosto intensamente, se testado ao limite, desgosto imediatamente.

Jamais voltei a sentir real apego e carinho a quem verdadeiramente me decepcionou. Mesmo tentando, mesmo querendo. Não é da minha natureza. Só sei gostar de fato uma vez, pelo tempo que durar. Paixão, amor, amizade, tanto faz. Uma vez.

Me contradigo com frequência. Amém! Odeio ouvir "você não mudou nada". Mudei. Você que não me conhece ou conhecia direito, o que faz da sua opinião algo descartável.

Sem meio termos. Gosto apenas dos extremos, isso considerando o equilíbrio a situação mais extrema que existe. Ou tudo, ou nada, ou o equilíbrio perfeito das coisas.

Falo demais. Penso demais. Sofro demais. Rio demais. Sou feliz ou infeliz, sempre demais.

Mas na imensa maior parte do tempo, sou feliz. Demais.

Sou um idiota assumido.

segunda-feira, 8 de março de 2010



Desencanto

Eu faço versos como quem chora
De desalento , de desencanto
Fecha meu livro se por agora
Não tens motivo algum de pranto

Meu verso é sangue , volúpia ardente
Tristeza esparsa , remorso vão
Dói-me nas veias amargo e quente
Cai gota à gota do coração.

E nesses versos de angústia rouca
Assim dos lábios a vida corre
Deixando um acre sabor na boca

Eu faço versos como quem morre.
Qualquer forma de amor vale a pena!!
Qualquer forma de amor vale amar!

(Manuel Bandeira)

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Amor bobo.

Tem um monte de coisas que eu queria fazer com você.

Um monte!

Você me fez crer novamente em paixão, amor, em se doar; em romance, magia, felicidade, e em todas essas coisas lindas, ridículas e abandonadas por tantos, até por mim! E por isso muitas vezes eu sonho acordado, planejando, imaginando, tudo o que eu queria fazer com você.

Eu queria tomar banho de chuva com você! Andar na chuva que caiu de repente quando menos esperávamos, os pés sujo de lama, as roupas enxarcadas, e a gente rindo sem parar de mãos dadas, rindo porque estamos um ao lado do outro... E então te beijar na chuva, e o tempo parar em volta, as pessoas olharem pensando que estamos loucos, e então sentirem ciúmes de estarmos assim tão a vontade e encantadores, num beijo sem fim, meio rindo, meio molhado, meio tudo!

Eu queria nadar na praia a noite com você! Não, na praia não, num lago. Com a lua cheia, brilhante, enorme, no céu! E em uma cachoeira escondida na mata, os dois nus, ansiosos, tranquilos, a água batendo em nossas cabeças e nós encima de uma pedra, perfeitamente equilibrados, apoiados um no beijo doce e perfeito do outro...

Eu nunca beijei alguém como eu beijo você... Todo beijo parece ser primeiro beijo...

Eu queria andar de mão dadas no shopping e comprar tudo o que você quer, esbanjar, te encher de roupas, presentes, mimos, provar mil vezes em mil lojas e poder te ver de várias formas, em vários estilos, com várias poses... E sempre rindo, sempre rir, sempre nós dois e a maior felicidade do mundo, que é como eu me sinto quando estou com você!

O mundo não para. Ele não congela quando eu estou com você. Ele brilha, ganha cor, ganha som, ganha vida.

Eu queria fazer amor com você em um chalé nas montanhas, apenas os dois, um bom vinho, alguns queijos, uma lareira acesa e a noite estrelada. Você merece sempre noites estreladas. Fazer amor devagar, te olhando os olhos, em silêncio, mas de forma tão quente que nem o frio nos impede de suar, de queimar em êxtase...

Queria viajar de carro, e te mostrar tudo o que eu conheço, e parar em todos os lugares bonitos que encontrarmos, e você me contar todos os seus segredos. Não quero segredos. Quero que nos entedamos com um olhar, um gesto, um sorriso. Perfeitamente entedidos em silêncio.

Queria nadar sem roupa com você na piscina do predio! E danem-se as câmeras, porque você é linda, e eu adoro que me invejem por ter você! Sim, eu sou bobo, e você não é um objeto, mas eu adoro que saibam que eu tenho a mulher mais perfeita, pra mim, no mundo todo! Na vida!

Queria tomar sorvete abraçadinho no sofá, vendo um filme romãntico sobre como o amor é improvável e inevitável, sobre como duas pessoas que se gostam muito têm que ficar juntas, é o destino, e todas essas baboseiras sentimentais que eu adoro secretamente!

Queria te fazer uma serenata.

Queria te prometer a lua.

Queria, quero quererei, você.

Pra sempre. Mesmo que você suma e não saiba mais disso. Mesmo que acabemos com outras pessoas. Mesmo que nos magoemos.

Eu vou querer você.

Eu vou sonhar com cada um desses momentos com você, e muitos, muitos mais.

E como num filme, no fim, eu sei que vamos estar juntos! Bobos, rindo, amigos, amantes... Pra sempre. Na vida.